O Idoso e os Papéis na Família

O envelhecimento e a velhice tornaram-se no decorrer do século passado um problema social com importantes repercussões que neste século XXI.

O Envelhecimento Demográfico consiste na diminuição das gerações mais jovens e aumento das gerações mais velhas. Uma mudança que tem por base a descida da natalidade, e desta forma a consequente incapacidade para substituir as gerações. Para além da descida da natalidade, também a melhoria das condições de vida e higiene e o acesso aos cuidados de saúde, estão diretamente ligados ao envelhecimento da população. (Bandeira; Azevedo; Gomes et al, 2012).

Segundo Rodrigues e Dias (2012), existem ainda outros fatores que influenciam o envelhecimento da população, como a emancipação da mulher, no que diz respeito ao seu papel no mercado de trabalho, a igualdade de tratamento entre mulheres e homens, a participação nas decisões respeitantes à natalidade. “Também a generalização dos métodos contracetivos e os encargos sociais acrescidos decorrentes de uma família numerosa são fatores que condicionam uma baixa de nascimentos” (Bandeira; Azevedo; Gomes et al, 2012:).

De acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE), o número de pessoas com mais de 60 anos poderá duplicar o número de jovens, nos próximos 25 anos, “passando de 112 para 242 por cada 100 jovens”, seguindo a tendência europeia. (Marques, 2012: 23)

As alterações na estrutura demográfica da população, levam-nos a refletir sobre a forma como as famílias se organizam, e como se alteram perante esta realidade.

A família é sem sombra de dúvida a base fundamental da construção das sociedades, o papel que a família desempenha é preponderante na educação, formação e preparação das gerações que mais tarde vão ser o suporte social.

A família tem assim a missão de criar, cuidar, proteger e educar os mais jovens, os pais assumem um papel fundamental da transmissão de valores como amor e afeto que proporcionem um equilíbrio e estabilidade fundamental para a construção da personalidade das novas gerações.

A família é assim um forte suporte social informal, onde dever privilegiada a aquisição de competências e a interação entre todos os membros. (Pelzer & Fernandes, cit in Pereira, 2009).

Segundo a minha perspetiva, o afeto a solidariedade, e a união são valores fundamentais numa família. Através da transmissão destes valores, a família torna-me unida, formando elos de ligação fortes que sustentam e ajudam a enfrentar as dificuldades em conjunto.

Embora as estruturas familiares se tenham alterado, e sejam já bastante diferentes na sociedade contemporânea, parece-me que continua a ter o mesmo papel e as mesmas obrigações no que diz respeito à educação e transmissão de valores.

A presença do idoso na família tem-se intensificado, muito devido a alterações na constituição das famílias, resultantes das implicações económica que levaram ao aumento do desemprego. A família moderna recompôs-se em famílias ampliadas por um lado pelo regresso dos filhos à casa dos pais, e por outro pela integração dos avós nas famílias.

O idoso na família, tem muito para oferecer aos restantes membros “pois têm uma maior história pessoal a oferecer, e representa ainda a História da estrutura familiar em si…” São os portadores do que caracteriza cada membro da família como um se biográfico e não apenas biológico. (Leme et al, cit in Pereira 2009).

De acordo com Peixoto citado por Rodrigues & Soares (2006) a “coabitação contribui para a solidariedade familiar em momentos difíceis da vida dos filhos bem como na viuvez dos pais.”

Já as relações intergeracionais dotam a família de três aptidões fundamentais, que assentam na importância dos legados e heranças, a complexidade das redes sociais familiares; e ainda o papel central do apoio familiar, inserido no quadro mais vasto do apoio ou suporte social. (Vicente & Sousa, 2010)

De acordo com Pereira & Rancon (2010) “as relações familiares na velhice são moldadas por um conjunto das experiências de vida e das circunstâncias históricas específicas que afetam os indivíduos ao longo das suas vidas”.

Apesar de todos os condicionalismos, a família é ainda hoje a instituição de apoio mais importante e a fonte preferida de assistência e ajuda para a maioria das pessoas idosas, na doença crónica e na incapacidade, independentemente da estrutura familiar, social e politicas dos países. (zarit, perarlin & schaine, 1993 cit in Pereira & Rancon, 2010)

BIBLIOGRAFIA

Bandeira, M. Azevedo, A. Gomes, M. et all. (2012). “Dinâmicas demográficas e envelhecimentoda população portuguesa: evolução e perspetivas”. Instituto do Envelhecimento da Universidade de Lisboa - Fundação Francisco Manuel dos Santos consultado a 22/01/2014 em https://www.ffms.pt/upload/docs/cf188adf-cdc8-496e-8fb8-8e89516aad00.pdf

Marques, S. (2011). Discriminação da Terceira Idade. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Pereira, G. Rancon, J. (2010) Relacionamento familiar em pessoas idosas: Adaptação do índice de relações familiares (IFR). Psicologia, Saúde, & Doenças. pp. 41-53.

Pereira, M. (2009) O Idosos e o papel da Família. Pós- Graduação ”Lato Sensu” em Saúde da Família. Universidade Cândido Mendes. São Paulo acedido a 21 de Abril de 2014 em https://www.slideshare.net/geriatric/o-idoso-e-o-papel-da-famlia-15726861.

Rodrigues, E., & Dias, I. (2012). Demografia e sociologia do envelhecimento. In Ribeiro, O.& Paúl, C. (2012) “Manual de Gerontologia- aspetos biocomportamentais, psicológicos e sociais do envelhecimento” (1ª Edição - pp. 179-202). Lisboa: Lidel.

Rodrigues, L. & Soares, G. (2006). Velho, Idoso e Terceira Idade na Sociedade Contemporânea. Revista Àgora, 1-29.

Vicente, H. & Sousa, L. (2010) Funções na família multigeracional: Contributo para a caracterização funcional do sistema familiar multigeracional. Psychologica, pp. 53, 157-181.